Similaridades entre Melquisedeque e Jeová



Há uma grande similaridade entre as características de Melquisedeque e de Jeová, o que prova que eles têem muito em comum. A seguir, estão relacionadas algumas das coisas que Jeová e Melquisedeque parecem se identificar:
. O padrão usado por Jeová é o da justiça, prevalecendo inclusive sobre a misericórdia (Êxodo 21:12-25; Levítico 24:20; Deuteronômio 19:21).  Por sua vez, o nome Melquisedeque significa "rei de justiça" (Hebreus 7:2).
. Melquisedeque era rei de Salém (Hebreus 7:2), a qual para muitos estudiosos corresponde à atual cidade de Jerusalém. Por sua vez, Jeová é chamado "deus de Israel", cuja capital é a Jerusalém atual, terrena, que não tem nada a ver com a Jerusalém celestial, também chamada de "Jerusalém do alto" (1 Crônicas 17:24; Êxodo3:16; Gálatas 4:26).
. Melquisedeque tomou dízimos do despojo tomado por Abraão e o abençoou (Hebreus 7:1-6).  SimilarmenteJeová recebeu o dízimo dos descendentes de Abraão e abençoou o povo (2 Crônicas 31:10).
. Melquisedeque não tem começo nem fim de dias, ou em outras palavras - é eterno. Ele também não tem genealogia (Hebreus 7:3).  Jeová também é eterno e não tem pai, nem mãe, nem genealogia (Neemias.9:5).  Esse fato caracteriza ambos como seres divinos e sobrenaturais, como os anjos.
. Melquisedeque é o sumo-sacerdote vitalício do Velho Testamento (Gênesis 14:18; Hebreus  12:22).  Por sua vez, Jeová foi também o mentor da base sacerdotal do Velho Testamento, o qual orientou pessoalmente todos os serviços religiosos no templo, através de regras e exigências ritualísticas criteriosas. Um detalhe curioso nessa descrição do modelo sacerdotal do Velho Testamento é que as pedras que adornavam o éfode (peitoral) do sacerdote (Êxodo  28:6 a 21) são do mesmo tipo das pedras que adornavam o anjo que era o modelo de perfeição no Éden, o qual veio posteriormente a se ensoberbecer e rebelou-se contra o Deus Altíssimo (Ezequiel 28:13).

. É difícil interpretar o papel e o caráter do personagem Melquisedeque, como lemos em Hebreus 5:11, e da mesma forma é difícil compreender o caráter e os reais intentos de Jeová, o qual ora abençoava e ora castigava sem qualquer compaixão.

. Melquisedeque assumiu forma humana quando apareceu a Abraão (Gênesis 14:18-20). Por sua vez, Jeová também tomou forma humana quando apareceu a Abraão(Gênesis 18:1-7) e anunciou que Sara teria um filho. 

Alguns teólogos entendem que Melquisedeque era o próprio Cristo no Velho Testamento e chamam esse tipo de ocorrência "Parousia" ou "Cristofania". Contudo, o fato do texto deixar claro que Melquisedeque era uma figura (tipo) de Cristo prova que ele não era o próprio Cristo.

O fato de Melquisedeque ter oferecido pão e vinho a Abraão não significam tampouco que Melquisedeque e o Filho de Deus sejam a mesma pessoa, da mesma forma como Adão não era Cristo, embora Cristo fosse chamado o "último Adão" (1 Coríntios 15:45). Além disso, em outra parte é relacionado o fato de que através de uma única ofensa (de Adão), entrou o pecado no mundo e atingiu toda a humanidade. De forma análoga, através de um único ato de justiça (de Cristo), a graça de Deus veio a ser derramada sobre todos os homens (Romanos 5:16-18).
Portanto, quando lemos que Cristo é sumo-sacerdote conforme a ordem de Melquisedeque, devemos entender essa relação como uma antítese, em que o reprovável e falível veio a ser substituído pelo aprovado e irrepreensível.

Melquisedeque é o sumo-sacerdote do Velho Testamento (ou do Velho Concerto), o qual se tornou obsoleto por causa de sua fraqueza e inutilidade, como diz Hebreus 7:18 e foi definitivamente abolido por Cristo (2 Corintios 3:16).


 
Melquisedeque, rei de justiça
A relação entre a justiça (a qual é associada com o nome de Melquisedeque) e a condenação está baseada no fato de que a lei aplica tanto a justiça como a condenação. A justiça implacável, porem, não leva em consideração a misericórdia nem a compaixão, que são atributos peculiares do verdadeiro Deus e Pai.
Por todas as evidências já relacionadas, poderíamos supor que Jeová e Melquisedeque são a mesma pessoa, embora isso não esteja totalmente claro nas Escrituras. Porém, ainda que não houvessem subsídios suficientes para associarmos Jeová com Melquisedeque, uma coisa é certa - ambos parecem estar intimamente relacionados, a começar pelo nome de Melquisedeque, que significa "rei de justiça".
Em Gênesis 18:25, Jeová é reconhecido pela sua justiça, porém não é a justiça que leva em consideração a misericórdia e a compaixão, a qual é um atributo peculiar e distintivo do verdadeiro Deus e Pai.

Uma coisa é certa - a índole violenta que Jeová revela em várias ocasiões no Velho Testamento ao destruir implacavelmente exércitos e cidades, combina perfeitamente com a personalidade de Melquisedeque, o qual veio ao encontro de Abraão para abençoá-lo logo após a matança dos reis inimigos (Hebreus 7:1; Gênesis 14:17-18)…"Pois esse Melquisedeque, rei de Salém, sacerdote do Deus Altíssimo, o qual encontrou Abraão retornando da matança dos reis, e o abençoou".

Portanto, aquela justiça que é atribuida ao nome de Melqueisedeque parece estar associada à justiça implacável, que não hesita em aplicar a condenação de forma radical e fulminante.

Se Jesus fosse Melquisedeque, como dizem alguns teólogos, Ele jamais iria abençoar Abraão logo após a matança dos reis, quando Abraão saiu vitorioso, porque o Filho de Deus não recompensa assassinos nem homicidas, nem iria estimular qualquer atitude dessa natureza. Pelo contrário, quando Jesus foi preso, seu discípulo Pedro cortou a orelha de um daqueles que o vinham prender, mas Jesus restaurou-a milagrosamente (João 18:10), para provar que Ele jamais foi à favor da violência, sob qualquer pretexto.

Da mesma forma, se Jesus fosse Melquisedeque, Ele jamais receberia dízimo de um despojo que teve o preço de sangue daqueles reis. No entanto, Melquisedeque não teve qualquer escrúpulo para tomar parte do fruto do saque (Hebreus 7:4), o que confirma que são sacerdócios completamente diferentes.

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O perfeito e eterno sacerdócio de Cristo
Quanto ao aspecto sacerdotal, lemos em Hebreus 7:11-12 o seguinte: "Se a perfeição fosse pelo sacerdócio levítico (pois debaixo dele o povo recebeu a lei), que necessidade haveria que outro sacerdote se levantasse segundo a ordem de Melquisedeque e não ser chamado segundo a ordem de Aarão? Pois o sacerdócio sendo mudado, também é necessária a mudança da lei".

Esse texto deixa claro que Melquisedeque foi o sumo-sacerdote de um sacerdócio imperfeito, que teve de ser mudado juntamente com a mudança da lei que o regia, e isso se aplica ao Velho Concerto. A imperfeição está no fato de que houve necessidade de ser estabelecido um novo sacerdócio perfeito e eficaz.

Isto significa que o sacerdócio do Velho Concerto foi mudado por um outro, cujo sumo-sacerdote é Jesus Cristo, o Filho de Deus, e por isso que o texto de Hebreus 7:12 diz que houve MUDANÇA de sacerdócio. Embora tendo sido executado de uma só vez, o sacerdócio de Cristo tem um alcance universal e eterno.

Melquisedeque estava incapacitado de prover salvação e redenção para quem quer que fosse, pois seu ministério era imperfeito e semelhante aos dos sacerdotes do Velho Testamento, que tinham que estar continuamente oferecendo sacrifícios por si mesmos e pelo povo. O sacerdócio levítico, assim como o sacerdócio de Melquisedeque, tinha caráter temporário e era exercido através de ministrações contínuas, com o sacrifício de animais e oferendas da alimentos (Hebreus 7:28), enquanto que o sacerdócio de Cristo é perfeito, eterno e único, realizado às custas de seu próprio sangue, como diz Hebreus 9:24 e 25.
O ofício sacerdotal iniciado por Melquisedeque não teve êxito porque era fundamentado apenas em oferendas religiosas e no sacrifício ritualístico de animais. Por causa disso, ele teve de ser substituído pelo sacerdócio de Jesus (Hebreus 7:11), o que significa que o sacerdócio do Velho Testamento deu lugar definitivamente ao sacerdócio do Novo Testamento.

Por extensão, o Velho Concerto se tornou repreensível e porisso foi rejeitado, havendo sido ABOLIDO por Cristo, como diz 2 Corintios 3:14-16. E assim, o ministério de Melquisedeque representa o ministério do Velho Testamento, o qual foi invalidado por Cristo por causa de sua FRAQUEZA e INUTILIDADE (Hebreus 7:18).

Por outro lado, o Novo Concerto foi aprovado, exaltado e glorificado, e por isso é chamado em Hebreus 7:22 de “um MELHOR concerto”. Após a ressurreição, Jesus foi constituído "autor de uma eterna salvação", como diz Hebreus 5:7-9… "Ainda que era Filho, aprendeu a obediência, por aquilo que padeceu, e sendo consumado veio a ser a causa da ETERNA SALVAÇÃO para todos os que lhe obedecem".

O fato do sacerdócio de Jesus Cristo ter sido “segundo a ordem de Melquisedeque”, como diz Hebreus 5:6, 7:17 e 7:21, não significa que os dois ministérios estavam relacionados entre si, como se um fosse uma continuidade do outro, visto que as diferenças entre eles são muito grandes, a saber:

- o sacerdócio de Melquisedeque foi temporal enquanto que o de Cristo foi eterno (Hebreus 7:25);
- no sacerdócio de Melquisedeque e de todos os sacerdotes do Velho Testamento, o sangue usado para expiação era de animais (bodes, bezerros, touros e novilhas), enquanto que o sacerdócio de Cristo foi exercido com o derramamento de seu próprio sangue (Hebreus 9:12-14);
- Cristo é ministro do santuário do VERDADEIRO tabernáculo estabelecido por Deus (Hebreus 8:2), e não do VIRTUAL, que foi exercido por Melquisedeque e por todos os sacerdotes do Velho Testamento;
- com a mudança do sacerdócio houve também a mudança da lei (Hebreus 7:12) e assim, todo aquele arcabouço ritualístico de religiosidade aparente, que regia o ministério do Velho Testamento, deu lugar ao ministério eficaz e autêntico de Jesus no Novo Testamento (Hebreus 8:6; 8:13; 2 Corintios 3:6).