Conhecendo a Exegese


Todo pregador do evangelho deve, por obrigação, dominar as técnicas básicas da exegese, sob pena de trair o real sentido do texto sagrado a ser explanado e de ser um disseminado de heresias, portanto se você ainda não domina a arte de interpretar e compreender os textos, deve então começar agora, pelo básico.

O que é e do que trata a Exegese:
É a disciplina que aplica métodos e técnicas que ajudam na compreensão do texto.

Do ponto de vista etimológico hermenêutica e exegese são sinônimos, mas hoje os especialistas costumam fazer a seguinte diferença: Hermenêutica é a ciência das normas que permitem descobrir e explicar o verdadeiro sentido do texto, enquanto a exegese é a arte de aplicar essas normas.

Princípios Básicos:
Aqui se encontram dez princípios que devem ser seguidos na interpretação bíblica: 

    • 1° - denomina-se princípio da unidade escriturística. Sob a inspiração divina a Bíblia ensina apenas uma teologia. Não pode haver diferença doutrinária entre um livro e outro da Bíblia. 
    • 2° - Deixe a Bíblia interpretar a própria Bíblia. Este princípio vem da Reforma Protestante.
      O sentido mais claro e mais fácil de uma passagem explica outra com sentido mais difícil e mais obscuro. Este princípio é uma ilação do anterior. 
    • 3° - Jamais esquecer a Regra Áurea da Interpretação, chamada por Orígenes de Analogia da Fé. O texto deve ser interpretado através do conjunto das Escrituras e nunca através de textos isolados. 
    • 4° - Sempre ter em vista o contexto. Ler o que está antes e o que vem depois para concluir aquilo que o autor tinha em mente. 
    • 5° - Primeiro procura-se o sentido literal, a menos que as evidências demonstrem que este é figurado.
    • 6° - Ler o texto em todas as traduções possíveis - antigas e modernas.
      Muitas vezes uma destas traduções nos traz luz sobre o que o autor queria dizer. 
    • 7° - Apenas um sentido deve ser procurado em cada texto. 
    • 8° - O trabalho de interpretação é científico, por isso deve ser feito com isenção de ânimo e desprendido de qualquer preconceito. (o que poderíamos chamar de "achismos"). 
    • 9° - Fazer algumas perguntas relacionadas com a passagem para chegar a conclusões circunstanciais. Por exemplo:
        1. a) - Quem escreveu?
          b) - Qual o tempo e o lugar em que escreveu?
          c) - Por que escreveu?
          d) - A quem se dirigia o escritor?
          e) - O que o autor queria dizer?
    • 10° - Feita a exegese, se o resultado obtido contrariar os princípios fundamentais da Bíblia, ele deve ser colocado de lado e o trabalho exegético recomeçado novamente.

As Ferramentas necessárias ao exegeta:

  1. Usar a Bíblia que contiver o texto mais fidedigno na língua original.
    (Os que não podem ler a Bíblia no original devem usar uma tradução fiel, tanto quanto possível).
    Escolhido o texto é necessário saber exatamente o que ele diz. Para isso são necessárias suas espécies de ferramentas:
    1. a) - Dicionários. 
        1. Para o Velho Testamento o melhor em inglês é: Um Conciso Léxico Hebraico e Aramaico do Velho Testamento de William Holaday.
          Para o Novo Testamento o melhor é: Léxico Grego-Inglês do Velho Testamento de Walter Bauer (Universidade de Chigago), traduzido e adaptado para o inglês por Arndt Gingricd.
          Em português não há nem um dicionário para o grego bíblico. Para o grego clássico o melhor que temos é: Dicionário Grego-Português e Português-Grego de Isidro Pereira, Edição do Porto, Portugal.
    1. b) - Gramáticas.
        1. A melhor do hebraico é a de Gesenius.
          Para o Novo Testamento as melhores gramáticas são as de Blass,. Moulton e Robertson.
          Depois de determinado o que o texto registra, é preciso ir além e investigar mais precisamente a significação teológica de certas palavras.
          A melhor fonte para este estudo no grego é o Dicionário Teológico do Novo Testamento, editado por Kittel e Friedrich. São dez alentados volumes para o inglês.
          Para o Velho testamento não existe trabalho idêntico.
          Em português continuamos numa pobreza mais do que franciscana neste aspecto.
          O próximo passo é uma pesquisa conscienciosa do contexto para que não haja afirmações que se oponham ao que o autor queria dizer ou distorções daquilo que ele disse.
          Após esta pesquisa é necessário considerar cuidadosamente a teologia, o estilo, o propósito e o objetivo do autor. Para este mister as obras mais necessárias são: concordância, introduções e livros teológicos.
          Em português temos a Concordância Bíblica, publicação da Sociedade Bíblica do Brasil, 1975.
          Muito úteis para o exegeta são os estudos teológicos que tratam com o livro específico do qual estamos fazendo a exegese.
          O próximo passo em exegese é a familiarização com o conhecimento geográfico, histórico, os hábitos e práticas podem iluminar nossa compreensão sobre o texto.
          Para tal propósito são necessários Atlas, livros arqueológicos, histórias e dicionários bíblicos.
          Dicionários da Bíblia são muito úteis para rápidas informações sobre um assunto, identificação de nomes de pessoas, lugares ou coisas. O melhor dicionário da Bíblia é: The Interpreter´s Dictionary of the Bible, quatro volumes.
COMO FAZER EXEGESE 
Introdução: Na atualidade a mídia, especialmente a TV e o rádio, tem sido usada como um instrumento para espalhar a palavra de Deus, mas ao mesmo tempo tem provocado na mente de muitos cristãos a "lerdeza do pensar". Hoje existe o "evangelho solúvel", "evangelho do shopping center", "dos iluminados", etc. Mas pouco se estuda a fonte do evangelho do Nosso Senhor Jesus Cristo. Esta página tem o objetivo de estimular e incentivar ao estudo das Sagradas Escrituras, isto é muito mais do que uma leitura diária e muitas vezes feita as pressas para cumprir um ritual. Neste artigo extraído temos a arte que nos leva a conhecermos, entendermos vivermos uma vida com abundância e que foi prometida por Jesus.
Definição de exegese: guiar para fora dos pensamentos que o escritor tinha quando escreveu um dado documento, isto é, literalmente significa "tirar de dentro para fora", interpretar. 


CINCO REGRAS CONCISAS 
    • 1. interpretar lexicamente. É conhecer a etimologia das palavras, o desenvolvimento histórico de seu significado e o seu uso no documento sob consideração. Esta informação pode ser conseguida com a ajuda de bons dicionários. No uso dos dicionários, deve notar-se cuidadosamente o significar-se da palavra sob consideração nos diferentes períodos da língua grega e nos diferentes autores do período.
    • 2. interpretar sintaticamente: o interprete deve conhecer os princípios gramaticais da língua na qual o documento está escrito, para primeiro, ser interpretado como foi escrito. A função das gramáticas não é determinar as leis da língua, mas expo-las. o que significa, que primeiro a linguagem se desenvolveu como um meio de expressar os pensamentos da humanidade e depois os gramáticos escreveram para expor as leis e princípios da língua com sua função de exprimir idéias.


    • Para quem deseja aprofundar-se é preciso estudar a sintaxe da gramática grega, dando principal relevo aos casos gregos e ao sistema verbal a fim de poder entender a estruturação da língua grega. Isto vale para o hebraico do Antigo Testamento.


    • 3. interpretar contextualmente. Deve ser mantido em mente a inclinação do pensamento de todo o documento. Então pode notar-se a "cor do pensamento", que cerca a passagem que está sendo estudada. A divisão em versículos e capítulos facilita a procura e a leitura, mas não deve ser utilizada como guia para delimitação do pensamento do autor.. Muito mal tem sido feita esta forma de divisão a uma honesta interpretação da Bíblia, pois dá a impressão de que cada versículo é uma entidade de pensamento separados dos versículos anteriores e posteriores.
    • 4. interpretar historicamente: o interprete deve descobrir as circunstâncias para um determinado escrito vir à existência. É necessário conhecer as maneiras, costumes, e psicologia do povo no meio do qual o escrito é produzido. A psicologia de uma pessoa incluí suas idéias de cronologia, seus métodos de registrar a história, seus usos de figura de linguagem e os tipos de literatura que usa para expressar seus pensamentos.
    • 5. interpretar de acordo com a analogia da Escritura. A Bíblia é sua própria intérprete. diz o princípio hermenêutico. A bíblia deve ser usada como recurso para entender ela mesma. Uma interpretação bizarra que entra em choque com o ensino total da Bíblia está praticamente certa de estar no erro. Um conhecimento acurado do ponto de vista bíblico é a melhor ajuda.

O PROCEDIMENTO EXEGÉTICA 
    • 1. o procedimento errado. Ler o que muitos comentários dizem com sendo o significado da passagem e então aceitar a interpretação que mais agradece. Este procedimento é errado pelas seguintes razões:
      a) encoraja o intérprete a procurar interpretação que favorece a sua pre-concepção e
      b) forma o hábito de simplesmente tentar lembrar-se das interpretações oferecidas. Isto para o iniciante, freqüentemente resulta em confusão e ressentimento mental a respeito de toda a tarefa da exegese. Isto não é exegese, é outra forma de decoreba e é muito desinteressante. O péssimo resultado e mais sério do "procedimento errado" na exegese é que próprio interprete não pensa por si mesmo.

    2. PROCEDIMENTO CORRETO 

      • 2.1. o interprete deve perguntar primeiro o que o autor diz e depois o que significa a declaração2.2 consultar os dicionários para encontrar o significado das palavras desconhecidas ou que não são familiares. É preciso tomar muito cuidado para não escolher o significado que convêm ao interprete apenas.
        2.3. depois de usar bons dicionários, uma ou mais gramáticas devem ser consultadas para entender a construção gramatical. No verbo, a voz, o modo e o tempo devem ser observado por causa da contribuição à idéia total. O mesmo cuidado deve ser tomado com as outras classes gramaticais.
        2.4. Tendo as análises léxicas, morfológica e sintática sido feitas, é preciso partir para análises de contexto e história a fim de que se tenha uma boa compreensão do texto e de seu significado primeiro e, 2.5. Com os passos anteriores bem dados, o interprete tem condições de extrair a teologia do texto, bem como sua aplicação às necessidade pessoais dele, em primeiro lugar, e às dos ouvintes. Que o texto tem com a minha vida? Com os grandes desafios atuais?

    O USO DE INSTRUMENTOS 

      • 1. Comentários: eles não são um fim em si mesmo. O interprete deve manter em mente o clima teológico em que foram produzidos, porque isso afeta de maneira direta a interpretação das Escrituras. Um comentarista pode ser capaz, em certa media, de evitar " bias" (tendências) e permitir que o documento fale por si mesmo, mas sua ênfase nos vários pensamentos na passagem será afetada pela corrente de pensamento de seus dias. Os comentários principalmente os devocionais, tem a marca da desatualização.


      • Prefira os comentários críticos e exegéticos.


      • 2. Uso de dicionário e gramáticas: e importante manter em mente a data da publicação. Todas as traduções de uma palavra devem ser avaliadas e não apenas tirar só o significado que interessa a nossa interpretação. Explore o recurso dos próprios sinônimos. Por exemplo a palavra pobre é tradução de duas palavras gregas. [penef e ptohoi- transliterado por Jotaeme] A primeira significa carente do supérfluo, que vive modestamente, com o necessário e a segunda, significa mendigo, desprovido de qualquer sustento.

    Na interpretação de Mateus 5:3 isto faz muita diferença!

A Bíblia está em contradição?


Exercitando a racionalidade, podemos elucidar quem realmente matou a Golias, podemos entender se Davi e El-Hanã são a mesma pessoa, ou se são pessoas distintas.

Por que a Bíblia menciona dois nomes diferentes para dizer quem matou Golias? Seria um equívoco acidental?
Uma das histórias que mais foram difundidas em todo o planeta foi o conflito entre Davi e Golias, que terminou com a morte deste último. A Bíblia pretende não possuir erros por ser um livro inspirado por Deus, mas se essa é a pretensão da Bíblia, como podemos explicar que em duas passagens se faz referência ao acontecimento da morte de Golias, atribuindo-o a duas pessoas diferentes?
Consideremos na seqüência as duas passagens que entrariam em contradição:
Assim DAVI prevaleceu contra o filisteu com uma funda e com uma pedra; feriu-o e o matou; e não havia espada na mão de DAVI (1 Samuel 17:50).
Houve mais outra peleja contra os filisteus em Gobe; e EL-HANÃ, filho de Jaaré-Oregim, o belemita, matou Golias, o giteu, de cuja lança a haste era como órgão de tecelão (2 Samuel 21:19).
Antes de considerarmos que houve um “equívoco bíblico” devemos considerar algumas circunstâncias que poderiam dar luz ao assunto:


Uma mesma pessoa e dois nomes?
Um dos reis de Israel e filho de Davi, teve dois nomes, e o mais conhecido desses nomes era Salomão, e o outro menos difundido, mas que nem por isso deixa de ser também um nome propriamente dele, é Jedidias, cujo significado é “amado do Senhor”.
24 Então consolou Davi a Bate-Seba, sua mulher, e entrou, e se deitou com ela. E teve ela um filho, e Davi lhe deu o nome de Salomão. E o Senhor o amou; 25 e mandou, por intermédio do profeta Natã, dar-lhe o nome de Jedidias, por amor do Senhor (2 Samul 12:24,25).
Do mesmo modo, aquele que conhecemos por Davi também poderia ter dois nomes, e um deles seria El-Hanã. O fato de que não está bem explicitamente esclarecido na Bíblia, se El-Hanã é Davi, não significa que houve uma fraude intencional.
Por outro lado, se considerarmos que todos os redimidos receberão um novo nome, dado pelo próprio Deus, então tudo poderia se encaixar.
Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas. Ao que vencer darei do maná escondido, e lhe darei uma pedra branca, e na pedra um novo nome escrito, o qual ninguém conhece senão aquele que o recebe (Apocalipse 2:17). 
Consideremos outros casos de nomes distintos:
E as nações verão a tua justiça, e todos os reis a tua glória; e chamar-te-ão por um nome novo, que a boca do Senhor designará (Isaías 62:2).
E deixareis o vosso nome para maldição aos meus escolhidos; e vos matará o Senhor Deus, mas a seus servos chamará por outro nome (Isaías 65:15).
Veamos más ejemplos:
Por amor de meu servo Jacó, e de Israel, meu escolhido, eu te chamo pelo teu nome; ponho-te o teu sobrenome, ainda que não me conheças (Isaías 45:4).
Entrou então Satanás em Judas, que tinha por sobrenome Iscariotes, que era um dos doze (Lucas 22:3).
E apresentaram dois: José, chamado Barsabás, que tinha por sobrenome o Justo, e Matias (Atos 1:23).
Então José, cognominado pelos apóstolos Barnabé (que quer dizer, filho de consolação), levita, natural de Chipre (Atos 4:36).
Agora, pois, envia homens a Jope e manda chamar a Simão, que tem por sobrenome Pedro (Atos 10:5).
Depois de assim refletir foi à casa de Maria, mãe de João, que tem por sobrenome Marcos, onde muitas pessoas estavam reunidas e oravam (Atos 12:12).
Então pareceu bem aos apóstolos e aos anciãos com toda a igreja escolher homens dentre eles e enviá-los a Antioquia com Paulo e Barnabé, a saber: Judas, chamado Barsabás, e Silas, homens influentes entre os irmãos (Atos 15:22).
Mas se tu és chamado judeu, e repousas na lei, e te glorias em Deus (Romanos 2:17).

Poderiam, por acaso, os nomes Davi e El-Hanã pertencer a uma mesma pessoa?
Uma nova dificuldade está em poder compreender se Jessé é também mencionado como Jaaré-Oregim, já que o primeiro (Jessé), figura na Bíblia como o pai de Davi, e o segundo, como o pai de El-Hanã.
Por acaso, poderia Jessé ser pai de Davi e de El-Hanã ao mesmo tempo, e ter também duplo nome, sendo chamado também Jaaré-Oregim?
Segundo a Bíblia, o pai de Davi é Jessé, e o pai de El-Hanã é Jaaré-Oregim.
Obede gerou a Jessé, e Jessé gerou a Davi (Rute 4:22).
Então disse o Senhor a Samuel: Até quando terás dó de Saul, havendo-o eu rejeitado, para que não reine sobre Israel? Enche o teu vaso de azeite, e vem; enviar-te-ei a Jessé o belemita, porque dentre os seus filhos me tenho provido de um rei (1 Samuel 16:1).
Houve mais outra peleja contra os filisteus em Gobe; e El-Hanã, filho de Jaaré-Oregim, o belemita, matou Golias, o giteu, de cuja lança a haste era como órgão de tecelão (2 Samuel 21:19).
Jessé de Belém, e Jaaré-Oregim de Belém, nomes coincidentemente de uma mesma cidade. Belém. Essa coincidência não aumenta a possibilidade de se tratar de uma mesma pessoa?
Tudo isso não elimina a possibilidade de Davi e El-Hanã serem pessoas diferentes, assim como Jessé e Jaaré-Oregim, pois podem ter existido dois homens com o nome Golias, e então tudo estaria explicado.
Então saiu do arraial dos filisteus um campeão, cujo nome era Golias, de Gate, que tinha de altura seis côvados e um palmo. 45 Davi, porém, lhe respondeu: Tu vens a mim com espada, com lança e com escudo; mas eu venho a ti em nome do Senhor dos exércitos, o Deus dos exércitos de Israel, a quem tens afrontado (1 Samuel 17:4,45).
Houve mais outra peleja contra os filisteus em Gobe; e El-Hanã, filho de Jaaré-Oregim, o belemita, matouGolias, o giteu, de cuja lança a haste era como órgão de tecelão (2 Samuel 21:19).

Vamos fazer uma revisão, criando um gráfico, onde estaremos lançando tudo o que foram as nossas hipóteses até o momento, com relação aos nomes de Davi e El-Hanã.

  

A explicação mais lógica
Anteriormente, de maneira racional, nós apresentamos diversas possibilidades que poderiam explicar a aparente contradição sobre a identidade do matador de Golias.
Em continuação, sempre apelando para a lógica, vamos poder constatar que El-Hanã é, na realidade, uma pessoa diferente de Davi, e que ele matou o irmão do famoso gigante Golias.
Houve mais outra peleja contra os filisteus em Gobe; e El-Hanã, filho de Jaaré-Oregim, o belemita, matou Golias, o giteu, de cuja lança a haste era como órgão de tecelão (2 Samuel 21:19).
Tornou a haver guerra com os filisteus; e El-Hanã, filho de Jair,matou Lami, irmão de Golias, o giteu, cuja lança tinha a haste como órgão de tecelão (1 Crônicas 20:5).
O primeiro dos versículos anteriores (2 Samuel 21:19) nos informa que El-Hanã matou a Golias, e no segundo versículo de 1 Crônicas 20:5, nos informa que o mesmo personagem matou a Lami, irmão de Golias.
Poderíamos nesse caso dizer que aqui temos apenas um erro de tradução? E como poderia ser cometido um erro de tal gênero, se a Bíblia é um livro inspirado por Deus, e assim não deveria conter erros, nem de idéias nem de palavras? É muito séria essa ponderação se considerarmos que tudo está nos manuscritos originais, e não em traduções, nem em cópias, e mesmo nas traduções para os vários idiomas, elas são feitas por pessoas competentes para tal propósito, se bem que erros são sempre possíveis, especialmente se eles estiverem também nos textos originais, pela preocupação com a fidelidade a eles.
 
A página número 179, da Enciclopédia de Dificuldades Bíblicas de Gleason Archer nos esclarece com mais precisão, qual foi o erro no momento de tradução:
O sinal ortográfico do objeto direto é o que em Crônicas vem, justamente antes de “Lami”, o ‘–t, e certamente, o copista o teve como um erro, como b-t ou b-y-t (Beth), e essa é a razão pela qual temos Bet-hal-Lami ( o Belemita, ou de Belém), como resultado.

Recordemos que os copistas da Escritura faziam a sua tarefa à mão, letra a letra e palavra por palavra. O texto original estava copiado em um material que, por ter sido ligeiramente maltratado, poderia perder algo em sua forma original. Se faziam esforços muito grandes para que isso não acontecesse, mas provavelmente não aconteceu. O copista leu mal a palavra irmão (‘-h) como o sinal do objeto direto (‘-t) justamente antes de g-l-y-t (“Golias”). Portanto, o copista fez de Golias o objeto da palavra matou (wayyak), em vez de irmão de Golias, como em 1 Crônicas 20:5.
 
O conflito é 2 Samuel 21;19, o qual contém  o erro de tradução, porém, existem duas versões da Bíblia, em inglês, que não possuem este erro.
Em continuação, iremos expor 2 Samuel 21:19 em  três traduções diferentes, e em todas elas. Se faz referencia a El-Hanã como o matador do irmão de Golias, e não como o matador de Golias.

King James Version (KJV)
And there was again a battle in Gob with the Philistines, where Elhanan the son of Jaareoregim, a Bethlehemite, slew the brother of Goliath the Gittite, the staff of whose spear was like a weaver's beam (2 Samuel 21:19). 
1833 Webster Bible
And there was again a battle in Gob with the Philistines, where Elhanan the son of Jaareoregim, a Beth-lehemite, slew the brother of Goliath the Gittite, the staff of whose spear was like a weaver's beam (2 Samuel 21:19).
 
1898 Young's Literal Translation (YLT)
And the battle is again in Gob with the Philistines, and Elhanan son of Jaare-Oregim, the Beth-Lehemite, smiteth brother of Goliath the Gittite, and the wood of his spear is like a beam of weavers (2 Samuel 21:19).

·         “the brother of Goliath” significa em português, “o irmão de Golias”.
·         “brother of Goliath” significa em português, “irmão de Golias”.

Golias não é, por acaso, o único gigante que a Bíblia menciona?
O famoso Golias que Davi matou, não é o único gigante que aparece nos relatos bíblicos, pelo contrario, é comum encontrar diferentes passagens bíblicas que fazem referencia a diferentes gigantes.
E Isbi-Benobe, que era dos filhos do gigante, cuja lança tinha o peso de trezentos, siclos de bronze, e que cingia uma espada nova, intentou matar Davi (2 Samuel 21:16).
Aconteceu depois disto que houve em Gobe ainda outra peleja contra os filisteus; então Sibecai, o husatita, matou Safe, que era dos filhos do gigante (2 Samuel 21:18).
Estes quatro nasceram ao gigante em Gate; e caíram pela mão de Davi e pela mão de seus servos (2 Samuel 21:22).
Neste último versículo, nos referimos a 2 Samuel 21:22, e faz-se uma clara referência aos gigantes, que eram muitos, e que caíram pela ação de Davi, e também de seus servos.


Conclusão

*      Davi é uma pessoa diferente de El-Hanã. 
*      Davi matou Golias, e El-Hanã matou o irmão de Golias, de nome Lami.
*      Jessé foi o pai de Davi e Jaaré-Oregim ou Jair foi o pai de El-Hanã.
*      Os nomes Jaaré-Oregim e Jair pertencem a uma mesma pessoa: O pai de El-Hanã.
*     Mediante o exercício da racionalidade, conseguimos compreender um assunto que tem trazido alguma dificuldade para aqueles que meditam na Bíblia, e um ponto no qual os detratores da Bíblia se baseavam, e para os quais Deus mesmo responde com a seguinte palavra:
A astúcia deles é falsidade (Salmos 119:118).