FRAVIO JOSEFO

                       Flávio Josefo, Homem Singular em uma Sociedade Plural





“Meu pai chamava-se Matatias, meu nome é Josefo, sou hebreu de nascimento, sacrificador em Jerusalém” (Prefácio a Bellum Iudaicum).




Neste artigo, sem grandes pretensões de originalidade, mas que tem como objetivo estimular a leitura da obra de Flávio Josefo, importante historiador judeu do século I d.C., gostaria de destacar 6 momentos fundamentais:



1. A origem aristocrática de Josefo, sua ligação com os asmoneus, seus estudos e sua formação.



2. A experiência do deserto na adolescência e a opção religiosa. Casamento e reintegração na vida da família em Jerusalém.



3. A viagem a Roma: o aristocrata provinciano que vê a grandeza e o poderio do Império. A influência deste fato no seu confronto posterior com Roma.



4. O comando da Galiléia, a contemporização, a derrota, a suspeita sobrevivência, a “profecia” feita a Vespasiano.



5. De prisioneiro a amigo dos romanos no cerco de Jerusalém. Ao lado de Tito, sua teologia é: Deus abandonou os judeus e agora está com os romanos (traição teológica).



6. Sua condição privilegiada em Roma, as rivalidades e os ciúmes, a obra histórica: encomenda e defesa.











Procurarei sempre olhar Flávio Josefo como ator e intérprete: participa dos acontecimentos e depois os interpreta. Objetivamente Josefo é um traidor de seu povo: este é o nosso olhar crítico hoje. Entretanto, subjetivamente, ele não se vê como traidor, mas modelo: a visão de si mesmo que aparece na sua obra será destacada.



Os textos de Flávio Josefo citados neste artigo estão em JOSEFO, F. História dos Hebreus: Obra Completa. Tradução do grego de Vicente Pedroso. 9. ed. Rio de Janeiro: Casa Publicadora das Assembléias de Deus, 2005, 1568 p. - ISBN 8526306413. Optei, para facilitar a consulta, por indicar apenas as páginas da referida obra e não, como classicamente se costuma, citar capítulos e parágrafos dos livros de Josefo. O leitor notará que o português desta tradução não é exatamente o que gostaríamos que fosse...



Alguns trechos de sua obra, em um português mais “amigável” podem ser lidos em VV.AA. Flávio Josefo: uma testemunha do tempo dos Apóstolos. 4. ed. São Paulo: Paulus, 2001, 96 p. - ISBN 8534918244.



Uma excelente edição das obras de Flávio Josefo, com o texto original, tradução inglesa e notas é a da Loeb Classsical Library: THACKERAY, H. St. J.;MARCUS, R.; WIKGREN, A.; FELDMAN, L. H. Josephus I-XIII, Cambridge: Harvard University Press, 1926-1965.









1. Origem

Flávio Josefo nasceu em Jerusalém, em 37 ou 38 d.C., de uma rica família da aristocracia sacerdotal asmonéia. Eis como descreve em sua Autobiografia, com orgulho, sua origem aristocrática, para "desmanchar as calúnias de meus inimigos”:



“Como eu tenho a minha origem numa longa série de antepassados de família sacerdotal, eu poderia vangloriar-me da nobreza do meu nascimento, pois cada nação, estabelecendo a grandeza de uma família, em certos sinais de honra que a acompanham, entre nós um das mais notáveis, é ter-se a administração das coisas santas. Mas eu não sou somente oriundo da família dos sacrificadores, eu sou também da primeira das vinte e quatro linhas que a compõem e cuja dignidade está acima de todas. A isso eu posso acrescentar que, do lado de minha mãe eu tenho reis, entre meus antepassados. O ramo dos asmoneus, de que ela é proveniente, possuiu durante um longo tempo, entre os hebreus, o reino e a suprema sacrificadura.



[Nasci de] Matias no primeiro ano do reinado do imperador Caio César [o imperador romano Calígula, que reinou de 37 a 41 d.C.]. Quanto a mim, tenho três filhos, o primeiro dos quais, chamado Hircano, nasceu no quarto ano do reinado de Vespasiano [imperador romano que governou de 69 a 79 d.C.]. O segundo chama-se Justo, nasceu no sétimo e o terceiro, de nome Agripa, no nono ano de reinado do mesmo imperador”[1].



Flávio Josefo recebe uma formação judaica sofisticada. Diz ele em sua Autobiografia:



“Fui educado desde minha infância no estudo das letras, com um dos meus irmãos de pai e mãe, que tinha como ele o nome de Matias. Deus deu-me bastante memória e inteligência e eu fiz tão grande progresso que tendo então só catorze anos, os sacrificadores e os mais importantes de Jerusalém se dignaram perguntar minha opinião sobre o que se referia à interpretação das leis”[2].



Segundo Mireille Hadas-Lebel, “a natureza do ensino recebido [por Josefo] não deixa nenhuma dúvida: trata-se de um ensino puramente religioso, baseado na Torá. De fato, julga-se que os livros sagrados contêm o saber essencial ao homem para que conduza sua vida neste mundo. Neles, ele pode encontrar um código cultural, moral, social, político, assim como a história do universo e das gerações humanas, todas as coisas que ele sabe dever vincular a uma divindade única e onipresente”[3].



2. Formação

Aos 13 anos entra em contato com as três principais tendências do judaísmo do século I d.C., desenvolvidas pelos saduceus, fariseus e essênios, mas ainda não decide abraçar nenhuma delas.



“Quando fiz treze anos desejei aprender as diversas opiniões dos fariseus, dos saduceus e dos essênios, três seitas que existem entre nós, a fim de, conhecendo-as, eu pudesse adotar a que melhor me parecesse. Assim, estudei-as todas e experimentei-as com muitas dificuldades e muita austeridade”[4].



Observa João Batista Madeira que “num ambiente como o que se vivia então é de se esperar que houvesse uma preocupação muito grande com a espiritualidade. Ainda mais em se tratando de um povo cuja religião era determinante para os assuntos tanto sociais quanto individuais. A pluralidade de opções era outra característica marcante do povo judeu daquela época. Não havia autoridade suprema a nível de interpretação dos escritos sagrados, nem da tradição oral e nem com relação à moral (...) Para entender a pluralidade de escolas espirituais é preciso saber que cada uma reivindicava para si a autenticidade na vivência fiel da Lei. Numa religião sem uma autoridade central e legitimadora em si e sem dogmas fica uma certa amplitude de interpretação o que garante a grupos que podem até se opor, desfrutar da mesma herança religiosa”[5].



Mas, não satisfeito com esta experiência, Josefo vai viver três anos, dos 16 aos 19 anos de idade, junto a um asceta chamado Bano, que



“vivia tão austeramente no deserto que só se vestia da casca das árvores e só se alimentava com o que a mesma terra produz; para se conservar casto banhava-se várias vezes por dia e de noite, na água fria; resolvi imitá-lo”[6].



Mireille Hadas-Lebel vê nesta temporada no deserto junto a Bano, uma “tentação essênia” no jovem Josefo e chega mesmo a dizer, creio que sem maior fundamentação, que “somente uma estada entre os essênios pode explicar a abundância dos detalhes que ele nos dá tanto sobre a doutrina quanto sobre o seu modo de vida”; além de acrescentar que, embora o anacoreta Bano não seja conhecido a não ser por esta menção de Josefo, ele nos “faz irresistivelmente pensar em João Batista, que também vivia no deserto, vestido com uma túnica de pêlo de camelo, um cinto de couro ao redor da cintura, e se alimentava de gafanhotos e mel selvagem”[7].



Após estes três anos no deserto, Josefo volta a Jerusalém, provavelmente para se casar, e opta pela linha teológica farisaica, como nos diz ele em sua Autobiografia:



“Depois de ter passado três anos com ele, voltei, aos dezenove anos, a Jerusalém. Iniciei-me então nos trabalhos da vida civil e abracei a seita dos fariseus, que se aproxima mais que qualquer outra da dos estóicos, entre os gregos”[8].



Apesar de dizer que optou pelos fariseus, alguns especialistas defendem que Josefo é, na verdade, um saduceu. Só que após a guerra judaica, já em Roma, vivendo à sombra do Imperador, e acusado por seu rival judeu Justo de Tiberíades de ser anti-romano, Josefo diz ser adepto dos moderados fariseus[9].



3. A Viagem a Roma

No ano 64 d.C., com 26 anos de idade, Josefo vai numa embaixada a Roma para interceder junto a Nero por alguns sacerdotes judeus ali retidos não se sabe bem por que, já que Josefo é muito sucinto na sua Autobiografia:



“Na idade de vinte e seis anos fiz uma viagem a Roma, por esta razão. Félix, governador da Judéia, mandou por um motivo qualquer alguns sacrificadores, homens de bem e meus amigos particulares, para se justificarem perante o imperador; eu desejei, com muito entusiasmo, ajudá-los, quando soube que sua infelicidade em nada havia diminuído sua piedade e eles se contentavam em viver com nozes e figos”. Através da imperatriz Popéia, esposa de Nero, Josefo obteve “sem dificuldade a absolvição e a liberdade daqueles sacrificadores por intermédio dessa princesa, que me deu grandes presentes, também, com os quais regressei ao meu país”[10]



O brilhante sucesso desta missão colocou Josefo em respeitável posição frente aos seus conterrâneos. Mas não é apenas este o efeito da viagem a Roma. O jovem aristocrata provinciano viu, pela primeira vez, a grandeza e o poderio de Roma, a maior e mais poderosa cidade do mundo de então. Isto vai influenciar sua avaliação da guerra que se seguirá. Diz o nosso personagem a propósito:



“Lá [em Roma] encontrei alguns espíritos inclinados às mudanças que começavam a lançar as raízes de uma revolta contra os romanos. Procurei dissuadir os sediciosos e lhes fiz ver, entre outras coisas, como tão poderosos inimigos lhes deviam ser temíveis, quer pela sua ciência na guerra, quer pela grande prosperidade e eles não deviam expor temerariamente a tão grande perigo suas mulheres, seus filhos e sua pátria”[11].




SEMPRE HÁ UM PROPÓSITO

LÓGICA ILÓGICA

Problemas de maiores ou menores proporções surgem a todo instante em nossas vidas e cada um de nós têm uma maneira pessoal para lidar com eles. Algumas pessoas simplesmente desistem de lidar com eles, pelo simples fato de não compreenderem suas causas.



Meditando sobre Pedro e sua reação diante dos soldados que prenderiam Jesus no Getsêmani, podemos obter um novo retrato sobre a nossa fragilidade e limitação.



Quando o problema surgiu diante de Pedro, sua primeira reação foi lutar contra ele com seus próprios meios. Com velocidade e precisão, na tentativa de defender Jesus, o discípulo desembainhou sua espada e, com uma manobra digna de elogios, zap! …deixou Malco, um dos soldados da guarda envergonhado, dolorido e sangrando.



Pedro cortou a orelha do soldado com sua espada. E às vezes eu fico pensando: “Por que Pedro não tentou degolar o soldado em vez de amputar-se a orelha? Quem sabe se cortasse-lhe o pé, ou a mão, mas… a orelha?” , pois a falta da orelha ao impediria Malco de continuar lutando para cumprir sua missão de prender Jesus.



Segundo a narrativa de João (18.4-10) – que também esteve presente nesse episódio, os soldados estavam ajoelhados diante de Jesus quando Pedro tirou sua espada e atacou Malco (v.10). É bem provável que Pedro tenha se aproveitado da situação, do fato de estar do lado de Jesus e ver o inimigo, literalmente, prostrado diante do Rei, para tentar dominá-lo.



Talvez tenha se passado pela cabeça de Pedro algo assim: “Ei! Eu tirei a orelha dele e nós podemos tirar as orelhas de vocês também! Não brinquem conosco, pois Jesus está aqui!”. Independente, porém, do que Pedro tenha pensado, uma coisa é certa: Pedro pensou que aquele pequeno grupo de discípulos que acompanhava Jesus poderia vencer uma multidão inteira armada com espadas e porretes, cheia de fúria (João 18.3; Lucas 22.52; Marcos 14.43). Tanto que logo sacou sua espada e enfrentou um dos soldados (Lucas 22.49-50).



Semelhanças para com a nossa maneira de pensar e agir diante dos nossos problemas não são meras coincidências, mas fatos reais que se repetem como um ciclo vicioso.



Pelo fato de sermos cristãos, carregamos o nome de Cristo e muitas vezes acreditamos que temos todo o domínio das situações; acreditamos que sempre e sempre o mal será derrotado diante de nós. Confiamos tanto que a presença de Jesus inibirá completamente o agir do mal, que a qualquer instante estamos aptos a sacarmos nossas espadas e cortarmos as orelhas dos que nos perseguem ou aborrecem. Que regozijo para nós é vê-los sangrando e se sentindo humilhados, ajoelhados à nossa frente!



Seria realmente um triunfo, se não fosse uma tragédia!



Confiar que nossa condição de seguidores de Cristo nos isenta do agir do mal, nos livra de todas as doenças e das perseguições é uma lástima que tem dominado muitas mentes e corações embaçados pela nuvem do “paternalismo divino”, que prega a filosofia sobre um “Deus bonzinho, que jamais expõe Seus filhos ao sofrimento, pois Ele é puro amor!”



Mas veja as palavras de Jesus a seguir:



“Então Jesus disse-lhe: Embainha a tua espada; porque todos os que lançarem mão da espada, à espada morrerão. Ou pensas tu que Eu não poderia agora orar a meu Pai, e que Ele não Me daria mais de doze legiões de anjos? Como, pois, se cumpririam as Escrituras, que dizem que assim convém que aconteça?” (Mateus 26.52-54)



Jesus poderia ser socorrido. Para Deus, nada seria (nem é) impossível. Mas havia um plano, um propósito a se cumprir que Pedro desconhecia. A presença de Jesus não inibiu o agir do mal naquele momento. Mas, ao contrário, permitiu-lhe, inclusive, ser vitorioso por um período de tempo:



“Tenho estado todos os dias convosco no templo, e não estendestes as mãos contra Mim, mas esta é a vossa hora e o poder das trevas.” (Lucas 22.53)



Outra vez…



“Eu estava com vocês todos os dias no pátio do Templo, e vocês não tentaram Me prender. Mas esta é a hora de vocês e também a hora do poder da escuridão.” (Lucas 22.53 – NTLH)



Tratava-se uma vitória temporária das forças do mal (1Coríntios 2.8); a vitória final pertence a Deus (João 1.5; Colossenses 1.13).



E quando isso acontece conosco, isto é, quando oramos, jejuamos, consagramos, imploramos, determinamos, esperamos… e nada acontece? E quando Jesus nos diz que nossa espada não mudará os planos de Deus? E quando nossa ação não inibe o agir do mal nem estimula Cristo a Se manifestar a esse favor?



E quando aquela situação desconfortável não muda, por mais crentes que sejamos? E quando não recebemos a cura daquela triste doença, por mais fé que tenhamos? Será mesmo que temos base bíblica para sustentar que Deus não Se importa? Será mesmo que Deus Se esqueceu?



Não é o que parece, conforme nos explica Jesus:



“…Não beberei Eu o cálice que Meu Pai Me deu?” (João 18.11)



Eclesiastes 3.1 diz que para tudo há um tempo e um propósito. Se Deus deu essa missão para Cristo, algum porquê havia. E nós, que fomos alcançados por Sua maravilhosa Graça, conhecemos bem esse porquê:



“Porque Deus amou o mundo de tal maneira, que deu Seu Filho unigênito, para que todo aquele que nEle crê não pereça, mas tenha a vida eterna.” (João 3.16)



Conosco não é diferente. Se Deus expôs o Seu Ungido de tal maneira para que um propósito tão necessário fosse concretizado, não nos sujeitaria também à prova, à espera, para realizar grande obra em nós ou através de nós também? Ora, “na verdade… não é o servo maior que o seu senhor, nem o enviado maior do que aquele que o enviou” (João 13.16). São palavras de Jesus: “…Se a Mim Me perseguiram, também vos perseguirão; se guardaram a Minha palavra, também guardarão a vossa” (João 15.20). Se Jesus foi provado no deserto, também nós seremos. Se Jesus sofreu, também nós sofreremos. Se Jesus foi exaltado por Deus, também nós seremos se ao nosso Senhor, assim como Jesus, também permanecermos fiéis.



Não foi a fé de Pedro que falhou. Foi a sua maneira de interpretar e responder ao problema que estava errada. Havia um propósito de Deus e, antes de atacar o soldado, Pedro deveria ter atentado para isso e procurado conhecer melhor esse propósito. Cristo, em outras ocasiões anteriores, lhe alertou sobre tal.



A vitória de Jesus não consiste em vencer pessoas, mas sim o mal que atua nelas.



Malco era um mandado, submisso às ordens dos seus superiores. Jesus o amava e sabia dessa sua condição. Por isso, curou sua orelha e não permitiu a Pedro ser honrado naquela situação mais do que o seu problema (Lucas 22.50-51).



O gigantesco problema espiritual do mundo inteiro estava lá e tinha que ser enfrentado de frente, mas não com espadas nem pela força dos braços dos discípulos ou de Jesus. A coragem de Jesus não estava em fugir mas em enfrentar o inferno e a morte para resolver o problema que nós não poderíamos resolver. E, embora Jesus estivesse prestes a sofrer fisicamente tantas dores, o propósito principal era curar os nossos espíritos. Em vez de escolher salvar aquele pequeno grupo de discípulos, Jesus escolheu salvar a humanidade. Levaria algum tempo até que os seguidores de Cristo compreendessem isso. Mas aconteceu. Aleluia!



Às vezes leva muito tempo para nós também entendermos os propósitos de Deus ao permitir determinadas situações adversas nos alcançarem, nos atingirem. Diante de cada uma delas, antes mesmo de usarmos o nome de Cristo para tentarmos reverter o quadro, devemos, com atenção espiritual, sabedoria e discernimento, buscar do Senhor a lição que Ele pretende nos dar através de tal permissão e também graça para suportarmos o dia da angústia com gozo no Senhor e esperança na Sua Palavra, “pois sabemos que todas as coisas trabalham juntas para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que Ele chamou de acordo com o Seu plano.” (Romanos 8.28 – NTLH)



Sem sabedoria e sem humildade para conhecer mais sobre a vontade de Deus, Pedro lutou com sua espada, por alguns instantes teve a sensação de gozo, foi envergonhado, viu o mal vencer como se fosse infalível, perdeu as forças e negou Jesus por três vezes seguidas, até, então, ser despertado a olhar para dentro de si mesmo e verificar, com grande amargor na alma, a necessidade da mudança no seu interior.



Mais alguns dias e Pedro entenderia que era verdadeiramente necessário que Jesus morresse.



Muitas outras pessoas não têm a mesma paciência. É a triste realidade de quem se precipita em julgar Deus e desvalorizar a Sua inteligência, por falta de paciência em esperar ou pela insuficiência de forças para suportar aquilo que desconhece, ainda que essa realização não aconteça aqui nesta vida, mas na vindoura. São pessoas imediatistas, que buscam glórias (menores ou mais significantes) aqui e não vivem com vistas à eternidade.



Nem sempre os porquês de Deus são explicáveis realmente. Mas nem por isso devemos abandonar nossa fé no Senhor e deixar o Seu propósito para nós, pois o quesito fundamental para sujeitar-nos a vivermos essa “lógica ilógica” é a fé que Deus deu a cada um de nós (Romanos 12.3). Sem ela, jamais poderemos suportar e esperar a providência divina para nossas vidas.



“Alegrem-se por isso, se bem que agora é possível que vocês fiquem tristes por algum tempo, por causa dos muitos tipos de provações que vocês estão sofrendo. Essas provações são para mostrar que a fé que vocês têm é verdadeira. Pois até o ouro, que pode ser destruído, é provado pelo fogo. Da mesma maneira, a fé que vocês têm, que vale muito mais do que o ouro, precisa ser provada para que continue firme. E assim vocês receberão aprovação, glória e honra, no ia em que Jesus Cristo for revelado.” (Palavras de Pedro: o mesmo que negou Jesus três vezes seguidas, o mesmo que não compreendia o grande propósito de Deus para o mundo! – 1Pedro 1.6-7)



Já vi alguns crentes questionando Deus acerca do sofrimento a que outras pessoas, aparentemente tão corretas, ao submetidas.



Não quero ter uma resposta para tudo, mas há algumas explicações cabíeis: muitas vezes o sofrimento é conseqüência dos nossos erros do passado. O pecado é perdoado e somos isento da sua condenação (Romanos 8.1), mas as conseqüências dele ficam e nós devemos arcar com cada uma delas (Provérbios 26.27).



Outras vezes, há lições, preciosos ensinamentos que o Senhor sabe serem necessários nos transmitir, a fim de moldar nosso caráter e nos tornar filhos mais parecidos com Ele:



“Eu repreendo e castigo todos quantos amo; sê pois zeloso, e arrepende-te.” (Apocalipse 3.19)



“…Não rejeites a correção do Senhor, nem te enojes da Sua repreensão. Porque o Senhor repreende aquele aquém ama, assim como o pai ao filho a quem quer bem.” (Provérbios 3.11-12)



“Dirige os meus passos nos Teus caminhos, para que as minhas pegadas não vacilem.” (Salmos 17.5)



“O Senhor prova o justo…” (Salmos 11.5a)



Há, ainda, a responsabilidade de Deus provar um justo para revelar Sua glória e convencer um injusto. Pessoas fiéis e crentes em Deus sabem que Ele tem um motivo, ainda que desconhecido, para permitir qualquer acontecimento em nossas vidas. Muitas vezes, realmente, esses motivos desafiam nossa fé, mas não podem desativá-la se atentarmos sempre para o fato de que Deus nunca perde o controle de situação alguma.



Para um justo é mais fácil suportar uma provação, mesmo que venha por razões alheias ao seu entendimento, porque pessoas verdadeiramente convertidas a Deus não negam sua fé no Altíssimo, mas buscam nEle as forças e a sabedoria que precisam para suportar.



Com o passar do tempo, Deus realiza milagres, Sua glória e poder Se manifestam e vidas incrédulas percebem a grandeza de Deus, geralmente se rendendo a Ele e à Sua maravilhosa Graça. É como se Deus estivesse agindo por tabelinha para alcançar a vida de um ímpio, pois se o fizesse diretamente, pela falta de sabedora e de fé dos incrédulos, certamente o Senhor os perderia de vez.



Paulo fez colocações desse tipo em muitos versos da Bíblia, como:



“Mas em nada tenho a minha vida por preciosa, contanto que cumpra com alegria a minha carreira, e o ministério que recebi do Senhor Jesus Cristo para dar testemunho do Evangelho da graça de Deus.” (Atos 20.24)



“Porque pra mim o viver é Cristo, e o morrer é ganho. Mas, se o viver na carne me der fruto da minha obra, não sei então o que deva escolher. Mas de ambos os lados estou em aperto, tendo desejo de partir, e estar com Cristo, porque isto é ainda muito melhor. Mas julgo mais necessário, por amor de vós, ficar na carne. E, tendo esta confiança, sei que ficarei, e permanecerei com todos vós para proveito vosso e gozo da fé.” (Filipenses 1.21-25)



O sofrimento a que o apóstolo era submetido tinha também o motivo de ajudar as pessoas a se encontrarem e se firmarem no Evangelho salvador de Jesus.

O próprio Jesus foi submetido a isso. Ele é justo, santo, puro, sem pecado algum, mas foi submetido às piores ações do mal em favor da humanidade:



“Ele foi rejeitado e desprezado por todos; Ele suportou dores e sofrimentos sem fim. Era como alguém que não queremos ver; nós nem mesmo olhávamos para Ele e O desprezávamos. No entanto, era o nosso sofrimento que Ele estava carregando, era a nossa dor que Ele estava suportando. E nós pensávamos que era por causa das Suas próprias culpas que Deus O estava castigando, que Deus O estava maltratando e ferindo. Porém, Ele estava sofrendo por causa dos nossos pecados, estava sendo castigado por causa das nossas maldades. Nós somos curados pelo castigo que Ele sofreu, somos sarados pelos sofrimentos que Ele recebeu. (…) O meu Servo não tem pecado, mas Ele sofrerá o castigo que muitos merecem, e assim os pecados deles serão perdoados.” (Isaías 53.3-5,11b – NTLH)



Pedro não prestou atenção nesse caso e, por isso, precipitou-se em “socorrer” Jesus da situação horrenda a que seria submetido pelas próximas horas.



Quando, finalmente, Pedro olhou para si mesmo e viu que tudo foi para que houvesse mudança nele também, então o discípulo compreendeu que os planos de Deus, ainda que incompreensíveis, devem ser aceitos, pois nossos pecados, nossas limitações, muitas vezes nos impedem de compreender que Deus é o Santo, o Senhor, e que os Seus propósitos são necessários e indiscutíveis. Se não conhecermos os Seus porquês aqui neste mundo, certamente os descobriremos na eternidade. Foi por isso e desde então que Pedro dedicou seus dias a anunciar o amor e o perdão de Deus ao mundo, a ponto de morrer por isso.



“Eloí, Eloí, lama sabctâni?” (Marcos 15.34a)



“Deus Meu, Deus Meu, porque Me desamparaste?” (Marcos 15.34b)



Esse foi o clamor de Cristo, quando nem Ele entendeu o motivo de Deus ter Lhe desamparado. Contudo, ele levou Sua cruz até o fim e não Se desviou da presença do Pai.



Mesmo ali, em Seus últimos minutos de vida, e sem motivos aparentes para que Deus O tivesse desamparado, foi nas mãos dEle que Jesus preferiu entregar o Seu espírito, pois não há lugar mais seguro, nem mais certo nem mais necessário em que podemos estar, se não nas mãos de Altíssimo Deus.



Que esse ensinamento seja um modelo sempre seguido com honra por cada um dos filhos de Deus, em todos os seus momentos, seja a lógica revelada a nós ou simplesmente um desafio à nossa fé.



Amém.

VENCENDO OS GIGANTES

"Davi, porém, disse ao filisteu: Tu vens a mim com espada, e com lança, e com escudo; porém eu venho a ti em nome do SENHOR dos Exércitos, o Deus dos exércitos de Israel, a quem tens afrontado." 1°Samuel 17:45.






Este pequeno versiculo, traz um dos maiores acontecimentos da historia da humanidade, um jovem que ficou conhecido, pela sua coragem e fé no Deus vivo.

Davi era um menino como qualquer outro, não exatamente igual, pois Davi, era um menino de pequena estatura, um simples pastor de ovelhas, mas com algo a mais, sua fé incorruptivel em Deus.

A Biblia nos traz em claras palavras suas caracteristicas em 1° Samuel 16:18 que diz: "Então respondeu um dos moços, e disse: Eis que tenho visto a um filho de Jessé, o belemita, que sabe tocar e é valente e vigoroso, e homem de guerra, e prudente em palavras, e de gentil presença; o SENHOR é com ele."

Davi sabia tocar, ou seja, era um ADORADOR, era valente e vigoroso, não tinha medo estava sempre preparado, homem de guerra, prutente em palavras, ou seja, era serio e firme no que dizia, gentil presença, onde Davi estava, era agradavel pois o senhor estava com ele.

Mas certa vez Jessé envia seu filho Davi à levar alimentos aos seus irmãos que estavam na guerra, pois naquele tempo Israel estava em guerra contra os filisteus, e foi Davi ao arraial onde se encontrava seus irmãos (1°Sm 17:12), chegando lá viu Davi o exercito de Israel, amedrontados pois do outro lado do vale estava os filisteus com um aliado muito forte, um gigante chamado Golias filisteu de Gate. E Golias insultava o exercito de Israel, que o temia dizendo: "Vistes aquele homem que subiu? Pois subiu para afrontar a Israel; há de ser, pois, que, o homem que o ferir, o rei o enriquecerá de grandes riquezas, e lhe dará a sua filha, e fará livre a casa de seu pai em Israel." (1ºSm 17:25). Diante deste acontecimento Davi questiona o exercito de Israel: "Então falou Davi aos homens que estavam com ele, dizendo: Que farão àquele homem, que ferir a este filisteu, e tirar a afronta de sobre Israel? Quem é, pois, este incircunciso filisteu, para afrontar os exércitos do Deus vivo?" (1º Sm 17:26).

Davi ficou indignado, com a atitude de Israel, uma nação abençoada por Deus, povo escolhido guerreiro, e no momento da guerra na hora de batalhar, viram o tamanho da dificuldade, o tamanho do GIGANTE no qual teriam que enfrentar, e logo desistiram acharam que não iria conseguir, deixaram que sua fé se quebrase, eu imagino dentre o Exercito de Israel alguem dizendo entre si: "É chegou ao fim, dessa vez perdemos, não tem porque lutar, olha o tamanho dele pra que tentar vamos morrer mesmo!". Se esqueceram que o seu Deus é maior do qualquer gigante.

Lembra do disse Davi no versiculo 26? "Quem é, pois, este incircunciso filisteu, para afrontar os exércitos do Deus vivo?" o que Daivi quis dizer? ele não concordava com aquela situação, então trazendo para os dias de hoje é como se Davi havia dito: " Ei calmai, quem é este infiel de coração, incrédulo, este que nao tem comunhão de coração, para que venha afrontar os exercitos do meu Deus?" Davi então decide lutar, se apresenta ao Rei Saul, dizendo que enfrentara Golias: (1°Sm 17:32-33) "E Davi disse a Saul: Não desfaleça o coração de ninguém por causa dele; teu servo irá, e pelejará contra este filisteu. Porém Saul disse a Davi: Contra este filisteu não poderás ir para pelejar com ele; pois tu ainda és moço, e ele homem de guerra desde a sua mocidade."

O Rei nao concorda de inicio achando que o menino poderia estar louco, como pode um menino tão pequeno vencer um Gigante, porém Davi tinha a unção do Deus vivo em seu coração.

Davi vai a batalha, Golias zomba de Davi pois foi a guerra sem espada sem escudo sem nenhuma "proteção" aos seus olhos, pois Davi deposetou toda sua confiança em Deus. "Disse mais o filisteu a Davi: Vem a mim, e darei a tua carne às aves do céu e às bestas do campo." (1ºSm 17:44).

"Davi, porém, disse ao filisteu: Tu vens a mim com espada, e com lança, e com escudo; porém eu venho a ti em nome do SENHOR dos Exércitos, o Deus dos exércitos de Israel, a quem tens afrontado." (1°Samuel 17:45.)

" E Davi pôs a mão no alforje, e tomou dali uma pedra e com a funda lha atirou, e feriu o filisteu na testa, e a pedra se lhe encravou na testa, e caiu sobre o seu rosto em terra. Assim Davi prevaleceu contra o filisteu, com uma funda e com uma pedra, e feriu o filisteu, e o matou; sem que Davi tivesse uma espada na mão." (1ºSm 17: 49-50).

Hoje a igreja de Cristo passa pela mesma situação, estão se acomodando, dizendo que não tem jeito, o gigante é maior, estamos perdidos mesmo, mas Deus quer ver novamente os guerreiros de Deus lutando, homens e mulheres como Davi que não se detem por qualquer afronta, ponha um basta nesta monotomia, de ficar com pose de perdedor derrotado, você não é um derrotado, você é guerreiro, chega de Golias ficar afrontando o povo de Deus, qual é o seu gigante? é forte? Seu Deus é maior, olhe para o gigante e diga "quem é este incircunciso para vir afrontar o povo de Deus? quem é ele para ousar falar de Deus?" vença o gigante você nao é um derrotado, não permita que te humilhem, você é vencedor servo do Deus vivo ergue a cabeça e vá a batalha, Deus é Deus a guerra é dele, e não há outro como ele.