POVOS PIGMEUS

Povos Pigmeus “Os pequenos homens da terra”

ETNOLOGIA E HISTÓRIA
Um povo em extinção vivendo no coração da África. É o que se está consumindo, há décadas, contra os pigmeus, um dos povos mais antigos da África.
Pigmeus é uma expressão genérica, usada pela sociedade externa para identificar os pequenos homens que habitam a Floresta Equatorial Africana. Formam um grupo culturalmente definido, porém, a falta de informações mais precisas tem levado muitos a atribuir o título ‘pigmeu’ a vários outros grupos que sofrem de um distúrbio genético que os impedem de crescer. A palavra ‘pigmeu’ é de origem grega e significa ‘três côvados’, ou seja, 1,35m, referindo-se à altura dos mesmos.
A confusão de informações se dá, principalmente, por causa das generalizações. Muitos estudam ou têm contado com um destes grupos e divulgam informações se referindo aos Pigmeus de forma geral.
A partir da criação, em 1925, do Parque Nacional Virunga (na atual Repúplica democrática do Congo), teve início o processo de afastamento dos pigmeus de suas terras natais e de seus meios de subsistência (caça e coleta de de frutas). Esse processo prosseguiu por décadas. Em 1970, os pigmeus foram expulsos do Parque Nacional de Kahuzi-Biega (R.D.Congo), e em seguida, de Bwindi e Magahinga (Uganda).
O pigmeus expulsos de seus territórios tornaram-se completamente dependentes de outras populações e são obrigados a mendigar para sobreviver. Muitos deles, tornaram-se vítimas de álcool, e outros se suicidam.
Os pigmeus são considerados seres inferiores a outras populações, e são continuamente marginalizados da vida social. Vivem em condições primitivas, em cabanas de bambu cobertas por folhas de banana, sem cuidados médicos nem educação, tentando sobreviver fabricando cestos, vasos vendidos a preços irrisórios, R$ 1,00 ou menos. Seu território é isolado do resto do país, e não são capazes de cultivar a terra. Não possuem carteira de identidade(RG), e por isso não tem direito à assistência médica. Não existem funcionários estatais, nem um escritório do governo encarregado de se ocupar de sua sorte. (Somente para interesses de exploração para turismo).
Os pigmeus também foram vítimas de violência em Ruanda, 1994. Estima-se de que 30% da população pigméia foram mortas.
ORGANIZAÇÃO SOCIAL
Por não darem muita importância a hierarquias e posições sociais, na estrutura social dos Pigmeus não há chefes nem líderes religiosos (Myers, 2001.50). Os idosos são muito respeitados, tidos como sábios detentores de grande sabedoria, e assim, são eles que geralmente conduzem o grupo nas tomadas de decisões. As crianças têm voz ativa e, diferentemente de muitos povos africanos, a mulher participa nas decisões grupais.
DIVERSIDADE LINGÜÍSTICA
Carecemos de informações mais precisas acerca da realidade lingüística dos Pigmeus. Apesar de possuírem uma mesma origem étnica, sabe-se que suas línguas não pertencem a uma única família lingüística. Segundo Hewlett (Internet), a língua mais distinta é a dos Efe. Os Aka, Mbuti, Bongo e Gyelli, falam línguas diferentes, porém todas da família Bantu. Os Baka falam uma língua de família Oubanguian.
LOCALIZAÇÃO GEOGRÁFICA
Atualmente, somam cerca de 200 mil vivendo na floresta equatorial (África Central), divididos entre os territórios de Camarões, Gabão, Congo, República Centro Africana, Burundi, Ruanda e Zaire. Extraído
RELIGIOSIDADE
Da mesma forma que a língua, a religiosidade pigméia é ainda pouco conhecida, mas sabemos que é animista.
Como é comum entre grupos tribais, as danças e cantorias são centrais na religiosidade pigméia. Nem sempre é uma expressão de alegria, sendo muitas vezes ritos de adoração às várias entidades do seu mundo espiritual. O etnomusicólogo Mauro Campagnoli (Internet), desenvolveu pesquisa entre os Baka no Camarões. Ele afirma que todos os rituais importantes são acompanhados por danças e músicas tradicionais.
Sendo os mais antigos da floresta e não possuindo vantagem física alguma, os Pigmeus se tornaram os mais sábios na prática de rituais. Em Camarões, são reconhecidos como os mais poderosos feiticeiros da floresta e muitos feiticeiros das cidades vão até suas aldeias aprender com eles a arte da manipulação dos espíritos.
NOMADISMO
Os Pigmeus são culturalmente nômades. Historicamente eles peregrinavam pela floresta à procura de alimentos, como caçadores-coletores. Com o desmatamento da floresta, a diminuição da caça e a aproximação da sociedade externa, a maioria dos grupos pigmeus está abandonando esta prática de peregrinação. Entretanto, a sua cultura permanece influenciada por uma cosmovisão nômade.
PROBLEMAS SOCIAIS
Como quase todos os grupos tribais, os Pigmeus estão ameaçados pelo avanço da sociedade externa em sua direção, com todos os seus problemas urbanos e rurais. Em alguns países, como o ex-Zaire, muitos já foram exterminados por ofensivas de massacres, movidas geralmente por questões de discriminação.
Os Baka de Camarões convivem hoje com as várias estradas que cortaram seu território. Com elas, chegaram até eles mazelas da sociedade externa, como o alcoolismo. Os grupos que se tornaram sedentários não dominam as técnicas de agricultura e muitos acabam vivendo de doações.
Com o contato, muitos perdem também a tecnologia nativa de tratamento e cura. Assim, muitos Baka estão morrendo de malária, hepatite e febre tifóide.
Barreiras para evangelização dos Pigmeus
Barreira Pessoal – Sobrevivência em estado precário de vida
Contexto de selva, com clima tropical, sem qualquer possibilidade de assistência médico-hospitalar local, mesmo estando expostos a doenças comuns naquela região, como os diversos tipos de malária e outras. A cosmovisão nômade ainda é um fator complicador, por não estimular princípios de higiene e organização nas aldeias.
Barreira Lingüística – Grande diversidade de línguas e dialetos
É de fundamental importância o aprendizado da língua local, para uma exposição relevante do evangelho. Entretanto, possuindo uma estratificação social tão intensa como os Pigmeus, é possível que cada tribo tenha sua língua própria, cada grupo o seu próprio dialeto e ainda variações lingüísticas de clãs para clãs.
Barreira Espiritual – Intensidade do confronto de poderes
Sendo os maiores feiticeiros e curandeiros de toda a Floresta Equatorial Africana, a batalha espiritual deve ser muito intensa. As investidas malignas contra qualquer trabalho missionário devem ser esperadas.
Barreira Missiológica – Falta de estratégias
Não temos muitos antecedentes de trabalho missionário com nômades caçadores-coletores. Estratégias aplicadas em grupos tribais animistas, porém sedentários, podem ser ineficientes em grupos nômades. É preciso desenvolver estratégias novas ou fazer adaptações, podemos pensar em algumas áreas que necessitam de forma mais específica de atuação missionária entre os Pigmeus.
Sugestões para um trabalho eficaz entre os pigmeus
Plantio de Igrejas – Necessidade principal
Apesar das várias iniciativas e trabalhos em andamentos, ainda não temos notícias de uma igreja entre os Pigmeus, forte o suficiente para evangelizar o restante do povo. Assim, parece ser esta a principal necessidade. Levando em consideração o grau de dificuldade de acesso aos povos Pigmeus, podemos concluir que os mais indicados esse processo de evangelização, são os próprios Pigmeus. Mas para isto, pelo uma igreja forte precisaria surgir entre eles.
Análise Lingüística – Alfabetização e tradução
As maiorias das línguas Pigméias permanecem ágrafas e não analisadas. Não há basicamente iniciativas governamentais nesta direção. Um trabalho missionário com ênfase lingüística, visando tanto a alfabetização como a tradução bíblica, seria estratégico e de grande relevância para estes povos.
Desenvolvimento comunitário – Exercendo o cultivo
A cada dia cresce o número de grupos Pigmeus se tornando cultivistas. A maioria em função do avanço da sociedade externa, que vai destruindo as florestas e afugentando a caça. O problema é que, sem técnicas de cultivo, os grupos que se tornam sedentários acabam vivendo à margem das sociedades agricultoras, como os Bantu. Está aqui, então, uma grande possibilidade de servir a estes povos com ajudas humanitárias, através de técnicas simples de cultivo, aproveitando para apresentar-lhes também o evangelho.
Assistência a Saúde – Construindo postos de saúde, ensinando higiene pessoal
O elevado índice de mortes ente eles, na maioria dos casos, é conseqüência do contato sem critérios. As técnicas de tratamento e de cura vão desaparecendo, porém, sem um trabalho sério na área de saúde fica realmente difícil preservar a raça. Um trabalho nessa área não é tão difícil e possui grande eficacia.

DESAFIO MISSIONÁRIO
Não podemos desanimar frente às barreiras. A ordem de Jesus continua sendo “todas as nações”. Além de cumprir a ordem do Senhor, alcançar os Pigmeus com o evangelho, seria um avanço estratégico na evangelização de vários outros povos da África Central.
Apesar de termos aqui esforços missionários genuínos e louváveis, tudo isto ainda é muito pouco, considerando a grande diversidade etnocultural dos Pigmeus. Alcançar um grupo Pigmeu, não equivale alcançar toda a tribo e muito menos a família étnica. Considerando a diversidade etnolingüística, o desafio se torna maior ainda.
De acordo com Woodford (1995), a maioria dos Pigmeus listados como cristãos, são na verdade, nominais. Alguns por não haverem compreendido bem o evangelho, outros por falta de missionários ou cristãos maduros para discipulá-los.
Como muitos outros grupos tribais, os Pigmeus têm sido referidos como um povo alegre e que vive em harmonia com a natureza. Suas constantes danças e cantorias são interpretadas como sinais de felicidade. Entretanto, o que temos aqui é um povo opresso, vivendo debaixo de um complexo sistema de escravidão espiritual, devendo obediência incondicional ao mundo dos espíritos. As danças e cantorias nem sempre são sinais de felicidade, mas sim, de uma busca desolada por redenção